Todo o meu conhecimento sobre sumô vinha do NHK (o canal japonês), zapeando com o controle remoto… praticamente nada. Mesmo assim, eu queria assistir a uma luta ao vivo e a cores. E foi muito mais legal do que eu imaginava. O esporte nacional do Japão é um ritual.
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Ocorrem seis grandes torneios por ano (três deles em Tóquio) com duração de 15 dias cada. A regra é simples: o vencedor do maior número de lutas sagra-se campeão.
O último torneio de 2012 aconteceu em novembro, na cidade de Fukuoka. Nós cogitamos ir, mas Fukuoka é longe (pegar avião e enfrentar aeroportos não estava nos planos) e eu descobri que Hiroshima sediaria o “Sumo Tour” de outono. Perfeito para dois turistas curiosos.
O evento começou às 8h da manhã. Por sugestão da Aiko (que vendeu os ingressos) chegamos ao ginásio Big Wave perto do meio-dia, para ver a elite do sumô profissional – makuuchi – em ação. Ganhamos uma revistinha com fotos e informações dos lutadores, um poster e uma sacola plástica para os sapatos.
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Nós pretendíamos comprar os melhores ingressos (certas ocasiões não merecem pão-durismo). Ainda bem que a Aiko alertou que turistas ocidentais costumam achar os assentos próximos ao dohyo (o ringue circular) desconfortáveis, porque não há espaço para as pernas e não estamos acostumados a sentar no chão como os japoneses. Foi uma ótima dica, já que os ingressos eram muito mais baratos (4.000 ienes – mais ou menos US$50,00 por pessoa), o ginásio é pequeno e a visão do 2º andar foi privilegiada. Também pudemos usar o tripé para fotografar e filmar.
Enquanto procurávamos dois lugares vagos, um dos lutadores cantava (à capela) uma canção tradicional japonesa. Afinadíssimo! Sim, lutador de sumô canta e dança.
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Depois do show de tambores, foi anunciado o início da cerimônia de entrada no ringue. De acordo com a posição no ranking, os lutadores sobem no dohyo. Como não há categorias (de peso), não estranhe se um lutador for muito maior (e mais pesado) que o outro. Alguns são imensos (o que definitivamente não é saudável). Sabe como funciona a dieta de engorda? Refeições hipercalóricas acompanhadas de cerveja e aquela soneca gostosa depois do almoço.
Após saudarem os juízes e o público, os lutadores retornam aos vestiários para trocar o mawashi (o cinto que cobre só o estritamente necessário).
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Antes de cada luta acontece um pequeno ritual (o sumô segue o ritual xintoísta – nos torneios oficiais há um “telhado” sob o dohyo, parecido com um templo). Os lutadores enxaguam a boca com água e enxugam com papel. Em seguida pegam um punhado de sal e jogam no dohyo, para purificá-lo. Então iniciam a sequência de movimentos: batem uma palma, abrem os braços (para sinalizar que não possuem armas, que a luta será limpa) e fazem a posição clássica do sumô. Flexionam os joelhos, levantam a perna direita acima do quadril e batem com força, como se carimbassem o chão (para afastar o mal). Depois a esquerda. Na maioria das vezes os lutadores repetem o ritual (e quilos de sal são jogados no dohyo).
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Enfim começa o duelo. O objetivo é fazer o adversário pisar fora do dohyo ou tocar o chão com qualquer parte do corpo que não seja a sola do pé. Ao contrário do ritual (que dura alguns minutos), as lutas são curtinhas. Questão de segundos.
Você pode achar que depois da 10ª luta o evento fica monótono, mas não. Principalmente com a entrada dos Yokozuna.
Um lutador é chamado Yokozuna quando atinge o mais alto grau do sumô. Ele tem status de celebridade, vive cercado por seguranças, as criancinhas pedem autógrafos. Digamos que é o Anderson Silva do sumô (quase 100 kg mais pesado, claro). Há dois Yokozuna em atividade e ambos são mongóis.
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Para receber o título, o lutador precisa ter “poder, habilidade e dignidade” e vencer dois torneios seguidos. Os critérios não são definidos, cabe à Associação de Sumô decidir. O esforço e dedicação são recompensados com um salário de aproximadamente US$50 mil por mês, além dos prêmios.
Durante a cerimônia eles usam uma corda de quase 20 kg em volta da cintura e fazem um exercício de equilíbrio misturado com dança (aparentemente dificílimo com todo aquele peso). Nem preciso dizer que os japoneses que lotavam o ginásio vibraram muito (e nós também).
Para assistir a uma luta de sumô durante sua viagem ao Japão (vale a pena!), confira aqui o calendário.
Eu comprei os tickets com a Aiko, representante do “Sumo Tour Hiroshima”. Também negociei com o Jeff do www.buysumotickets.com. Ele pareceu sério (respondeu meu e-mails rapidamente, esclareceu todas as minhas dúvidas) e a comissão é calculada sobre o valor do ingresso.
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