Tem viagem marcada para o Japão? Pretende se hospedar num ryokan e aproveitar a hospitalidade tradicional japonesa? Com ou sem onsen? Com ou sem kaiseki? Aqui está o post que eu adoraria ter lido e que teria economizado horas e horas de pesquisa sobre as peculiaridades dos ryokans.
Primeiro passo: definir QUANTO
Este tipo de acomodação pode ser caríssimo. Quanto mais tradicional e confortável, mais caro. Só a título de exemplo, a diária de um “albergue ryokan” – com quartos e banheiros compartilhados, sem refeições – não custa menos de US$60,00 por pessoa.
Ryokans boutique cobram até 200.000 ienes (cerca de US$1.700,00) por noite, por pessoa (o site Ryokan Collection tem opções de babar).
Ao definir o budget, analise suas preferências e – mais importante – calibre suas expectativas. Você dorme no tatame numa boa? Mesmo se for no chão duro? Você se importa em dividir o banheiro com outros hóspedes? Os hotéis no Japão costumam ter bons padrões de higiene, mas há exceções. Você é tolerante com barulho? Muitas vezes as paredes dos ryokans são de papel.
Segundo passo: definir ONDE
Há excelentes opções de ryokans em grandes cidades como Tóquio, Kyoto e Osaka. Eu, pessoalmente, acho que as vilinhas têm seu charme e descartei os ryokans “urbanos” de cara. Foquei em cidades como Nara, Nico, Hakone. Kamakura, Karuizawa. Convém analisar seu roteiro para delimitar a área de pesquisa e ver onde consegue encaixar a noite (ou noites) no ryokan. Caso opte por um ryokan fora da rota pré-definida, calcule tempo suficiente para os deslocamentos.
O site Japanese Guest Houses é excelente para pegar ideias, mesmo que seja necessário contatar o ryokan diretamente para efetuar a reserva (às vezes cobranças em cartões de crédito emitidos fora do Japão não são pré-autorizadas). Também há muitas opções no booking.com (que, por sinal, foi a minha escolha).
Terceiro passo: definir QUANDO
Evite os fins de semana (quando as diárias costumam ser 20% mais caras) e lembre-se que durante a primavera (cherry blossom – sakura), o outono (red leaves – koyoo) e a Golden Week (quatro feriados nacionais emendados, entre o final de abril e o começo de maio) a demanda interna por hotéis e ryokans é enorme. Nestes casos, antecedência é fundamental.
Quarto passo: com ou sem ONSEN
Onsens são banhos relaxantes de águas termais (hot springs) com propriedades terapêuticas. Não é spa, hidromassagem ou ofurô, mas o intuito é relaxar. Basta afundar o corpo na água quente (média de 42ºC e pode ser mais) durante alguns minutos. Sair, esfriar um pouquinho, voltar. E repetir quantas vezes quiser.
O onsen é um costume muitíssimo apreciado no Japão e um banho (pun intended!) de cultura japonesa.
Antes de entrar no onsen, conforme manda a etiqueta, é obrigatório tomar AQUELE banho para não sujar a água.
Sentado num banquinho de madeira, você lava todas as partes com sabonete, toalhinha e chuveirinho (desculpe a quantidade de “inhos”, mas o banco, a toalha e o chuveiro são realmente pequenos).
Tem que esfregar pra valer e não vale disfarçar, nem tomar aquela ducha enganadora antes da piscina, sabe? Shampoo e condicionador nos cabelos. Enxague muito bem porque qualquer resquício de espuma ou produto na água do onsen é uma gafe. E não é permitido usar biquíni, maiô ou sunga. O lance é peladão mesmo, como veio ao mundo. Para não virar um oba-oba, os onzenas normalmente são divididos por gênero (desconfie dos mistos – algo pode estar errado).
Muitos turistas encaram o onsen “day use” (a preços bem modestos) nas casas de banho públicas. Se você não se incomoda com o/a coleguinha pelado/a ao lado, é uma ótima opção. Há 14.000 onsens públicos espalhados pelo Japão.
Mas se você – como eu – ainda não atingiu tal nível de desinibição (como relaxar numa banheira de água pelando com desconhecidas peladas?) nada melhor que um onsen privativo, no conforto do seu quarto no ryokan.
Nota: o banho caprichado de chuveirinho é indispensável mesmo no onsen privativo. Não é porque ninguém está vendo que você vai trapacear, né?
Eu combinei ryokan + onsen + Monte Fuji e o resultado foi uma das melhores memórias que eu tenho do Japão (relatei com detalhes a estadia no Onsenji Yumedono).
E para quem procura um meio termo entre o onsen coletivo e o exclusivo, existe um plano C: alguns ryokans permitem que os hóspedes “reservem” o onsen coletivo por algumas horas. É como se você alugasse a piscina de um hotel só pra você! Funciona muito bem para casais e famílias com crianças pequenas.
Quinto passo: com ou sem KAISEKI
Fique atento se o valor da diária inclui “meia-pensão” (jantar e café da manhã kaiseki). Embora o kaiseki – gastronomia japonesa old school ao extremo – não agrade todos os paladares, se você gosta de comida japonesa em geral vale a pena experimentar. Se a diária não contemplar as refeições, você precisará pagar à parte. Neste caso, acerte o preço antecipadamente.
Extra: TATUAGENS
Ao receber a confirmação de reserva ou instruções do ryokan, não se assuste se ler que “pessoas com tatuagens podem ter o acesso negado”. Em meio à tanta tecnologia e modernidade, é fácil esquecer que a sociedade japonesa é extremamente conservadora: divórcio e homoafetividade ainda são tabus e tatuagem ainda é símbolo da máfia. Qualquer coisa que lembre a Yakuza não é vista com bons olhos.
Na porta da academia do nosso hotel em Tóquio (Sheraton – quer rede mais internacional?) uma plaquinha informava que era proibida a entrada de pessoas tatuadas.
Claro que é praticamente impossível que um turista seja “inspecionado” ou associado à Yakuza por causa de uma inocente tatuagem. Mas não custa nada ser discreto, principalmente nos onsens públicos.
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